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Indlæser... Viva a Língua Brasileira (udgave 2016)af Sergio Rodrigues (Forfatter)
Work InformationViva a Língua Brasileira (Em Portuguese do Brasil) af Sergio Rodrigues
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Em um livro de altos e baixos, a odisseia do mineiro-carioca Sergio Rodrigues contra os sabichões, conservadores, progressistas, estrangeirices, barbarismos, indo até os marqueteiros da língua (fontes inesgotáveis de modismos bobos), faz-se uma leitura útil — em certas partes.
É válido o reforço sobre o caráter homogêneo e coletivo da língua, a demarcação precisa do que é erro e o que é não é (na maioria das vezes, adianto, não é), sobre nossos brasileirismos tão funcionais e culturalmente precisos, que são infelizmente preteridos pelo pedantismo enraizado; pela retórica jurídica que permeia e engessa a nossa língua; pelo acordo tácito que faz vigente uma complicação desnecessária: um verdadeiro-falso "intelectual culto".
O livro faz bem em abrir (ou quebrar) a cabeça daqueles com tiques de correção e tesão em floreiros e mais floreios. Se você, no entanto, já percebeu que essa verborragia enraizada é um buraco, e tem alguma noção de como funciona uma língua, ler esse livro de cabo a rabo torna-se apenas um passatempo. Alguns petiscos de curiosidades que servem para serem consumido em doses homeopáticas — há, por exemplo, todo um capítulo sobre origens de palavras quase opostas com raízes semelhantes, e outro sobre os falsos mitos que presumem origens de ditos populares, por exemplo, o clássico:
"Quem tem boca vaia Roma?" Não, não, não. "Há dois caminhos para provar o erro de quem, sem base histórica, tenta corrigir o velho provérbio. O primeiro é um passeio até o português antigo, no qual encontramos esta variante: Quem língua tem, a Roma vai e vem. Como se vê, a vaia não tem vez aqui.
"Risco de Morte é um Erro. Deve ser Risco de Vida" Também não, é "criação artificial de gente que mal ouviu o galo cantar e saiu por aí exercitando o prazer de declarar ignorante quem — mergulhado no “instinto da linguagem” do qual fala o linguista canadense-americano Steven Pinker — já nasceu sabendo mais do que eles.
Outros, mais interessantes, no entanto, tratam da tão discutida linguagem neutra, ou da nossa predominância pelo masculino, a exemplo de "O Homem" como generalização da "Raça Humana.", há uma suposição:
"(...) há evidências na gramática histórica de que o machismo não é a explicação pelo menos não a única) para o papel neutro assumido pelo gênero masculino na língua portuguesa. Quando, por força da evolução fonética, as consoantes finais do latim se perderam, as terminações do masculino e do neutro se fundiram, resultando nas desinências portuguesas o e a, características da maioria das palavras masculinas e femininas, respectivamente. Ou seja, o nosso gênero masculino é também gênero neutro e complexo. Portanto, não há nada de ideológico, muito menos de machista, na concordância nominal do português."
Fora da polêmica, outras divertem:
"(Sair à Francesa.) Sair tipicamente, de algum evento social sem se despedir de ninguém e com a
maior discrição possível, tentando não se fazer notar”. A parte curiosa da história é o fato de, na França, a locução que expressa tal ação ser filer à l’anglaise, isto é, “sair à inglesa”. "
"(A relação entre a Cesariana e o Julio Caesar) O adjetivo, mais tarde substantivado, era o mesmo usado para qualificar tudo o que fosse relativo aos imperadores romanos. E foi exatamente na suposta relação entre César e a cesura (palavra do português que quer dizer “corte, incisão”) que o batismo do procedimento cirúrgico se baseou, segundo o Trésor de la langue française. É por isso que se deve ter cuidado com delírios etimológicos. Às vezes eles dão um jeito de interferir na realidade — processo a que se dá o nome de etimologia popular."
A lista é longa, selecionei aqueles mais frescos na memória para ilustrar a resenha; faça o teste você mesmo, experimente o livro em pequenas doses, e talvez se torne viciante, alimentando curiosidades que você nem suspeitava ter; se tentar fazer como eu, entretanto, e devorá-lo de uma vez, talvez cause um problema pela repetição.
Mas, o saldo é positivo, e ainda mantenho na minha lista "O Drible" livro pelo qual Sérgio Rodrigues ganhou o Prêmio Oceanos; e, também seu mais novo, lançado há alguns meses, onde a premissa é o Machado de Assis passendo no Rio de Janeiro do Século XXI, e todas as "cousas" e "causos" que o acometerá. ( )